Afinal, quem ganha e quem perde?
Com a humanização do modelo obstétrico?
Ganha a mulher: ao ser informada dos processos relacionados à gestação e parto e confiada a ela as decisões relativas ao parto, ela é parte ativa do evento fisiológico, permitindo que seu corpo se beneficie dos hormônios naturalmente envolvidos e tornando a experiência mais positiva. Ter ao seu lado pessoas de confiança, que lhe apoiem ou que simplesmente não façam nada que possa atrapalhar o trabalho de parto, pode inclusive abreviar a duração deste. Além disto, a recuperação é melhor, pois o corpo está programado naturalmente para lidar com isto.
Ganha o bebê: ao ter sua maturação respeitada, ao esperar o trabalho de parto começar, diminui-se o risco de prematuridade e de necessidade de internação. Vantagem também pra iniciar a amamentação, já que ao sair da barriga e ir direto para o colo da mãe exerce sua natural e acentuada necessidade de sucção, mamando o colostro - que atua como vacina natural. Recebido em ambiente acolhedor, sem clampeamento precoce de cordão, a transição do ambiente intrauterino para o ambiente extrauterino é mais suave.
Ganha o sistema público de saúde: o custo do atendimento de gestantes de baixo risco por equipes multidisciplinares que contam com doulas e obstetrizes é muito mais baixo do que se todas as gestantes forem atendidas por médicos em todas as consultas pré-natal, parto e pós parto. Ou seja, muito menos dinheiro público gasto inutilmente. A presença de médicos é muito importante pras gestações que implicam algum risco, ou seja, a minoria delas. Sabe quando dizem que gravidez não é doença? Pois é.
Ganham os convênios médicos: quanto menos procedimentos desnecessários, menor fica a conta a pagar por paciente. Poderíamos até pleitear mensalidades mais baratas...
Perde o sistema médico intervencionista: pensam os médicos "mas e agora, o que eu vou fazer, qual vai ser meu trabalho???".
Tirem suas próprias conclusões:
Na última sexta feira (20/07) o CREMERJ (Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro) publicou dois artigos, um deles proibindo a presença de doulas e obstetrizes no ambiente hospitalar e o outro proibindo os hospitais de atenderem complicações provenientes de partos domiciliares ou de casas de parto.
E aí, mulheres, quais direitos mais vamos deixar que tirem de nós???