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sábado, 21 de julho de 2012

Afinal, quem ganha e quem perde?



Com a humanização do modelo obstétrico?


Ganha a mulher: ao ser informada dos processos relacionados à gestação e parto e confiada a ela as decisões relativas ao parto, ela é parte ativa do evento fisiológico, permitindo que seu corpo se beneficie dos hormônios naturalmente envolvidos e tornando a experiência mais positiva. Ter ao seu lado pessoas de confiança, que lhe apoiem ou que simplesmente não façam nada que possa atrapalhar o trabalho de parto, pode inclusive abreviar a duração deste. Além disto, a recuperação é melhor, pois o corpo está programado naturalmente para lidar com isto.


Ganha o bebê: ao ter sua maturação respeitada, ao esperar o trabalho de parto começar, diminui-se o risco de prematuridade e de necessidade de internação. Vantagem também pra iniciar a amamentação, já que ao sair da barriga e ir direto para o colo da mãe exerce sua natural e acentuada necessidade de sucção, mamando o colostro - que atua como vacina natural. Recebido em ambiente acolhedor, sem clampeamento precoce de cordão, a transição do ambiente intrauterino para o ambiente extrauterino é mais suave. 


Ganha o sistema público de saúde: o custo do atendimento de gestantes de baixo risco por equipes multidisciplinares que contam com doulas e obstetrizes é muito mais baixo do que se todas as gestantes forem atendidas por médicos em todas as consultas pré-natal, parto e pós parto. Ou seja, muito menos dinheiro público gasto inutilmente. A presença de médicos é muito importante pras gestações que implicam algum risco, ou seja, a minoria delas. Sabe quando dizem que gravidez não é doença? Pois é.


Ganham os convênios médicos: quanto menos procedimentos desnecessários, menor fica a conta a pagar por paciente. Poderíamos até pleitear mensalidades mais baratas...


Perde o sistema médico intervencionista: pensam os médicos "mas e agora, o que eu vou fazer, qual vai ser meu trabalho???". 


Tirem suas próprias conclusões: 
Na última sexta feira (20/07) o CREMERJ (Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro) publicou dois artigos, um deles proibindo a presença de doulas e obstetrizes no ambiente hospitalar e o outro proibindo os hospitais de atenderem complicações provenientes de partos domiciliares ou de casas de parto. 


E aí, mulheres, quais direitos mais vamos deixar que tirem de nós???

terça-feira, 10 de julho de 2012


Parto e stress no mundo animal

Sabem, me lembrei de um acontecimento muito marcante pra mim durante a faculdade de Veterinária e achei que deveria vir aqui dividir com vocês.

Lá pelos idos de 2002-2003, estávamos eu e mais duas amigas caminhando pelo campus da faculdade no interior de SP, era final de tarde, e vimos que uma das vacas do grupo que estava pra parir estava afastada das outras. Resolvemos chegar mais perto pra ver e ela estava parindo, o bezerro já saía. Ao notar a nossa presença, tão estranha, a fêmea se levantou e o corpo dela começou a puxar o bezerro para dentro novamente. 

Esta pra mim é a prova mais forte de que stress e parto não combinam. Sendo o parto um processo fisiológico, sendo a mulher tão mamífera como uma vaca... Que mulher consegue parir se houver entra e sai na sala de parto? Se houver comentários ou assuntos desagradáveis? Se a posição for desconfortável? Se estiver sendo submetida a intervenções?

O parto acontece. E é mais por deixá-lo acontecer do que por fazer com que aconteça. Ninguém faz um parto a não ser a dupla mãe-bebê. E eles dois podem ser acompanhados bem de perto sem alarde. Toda mulher deveria ter esse direito respeitado sem precisar comprar briga com ninguém.

Mas isso já é assunto pra outro dia...

sábado, 7 de julho de 2012


Amamentação e muitos mistérios

Faz parte da nossa natureza poder amamentar um ou mais filhos, o corpo foi feito assim e a nossa sobrevivência dependeu disso por muitos e muitos séculos. 

Mas... quantas mulheres ao seu redor conseguem amamentar como orientam os órgãos de saúde? Exclusivamente com leite materno nos primeiros seis meses de vida e mantendo o aleitamento por pelo menos 2 anos de vida complementando com a alimentação? Eu conhecia poucas. E continuo conhecendo, porque as que eu conheço que conquistam a amamentação geralmente precisam lutar muito pra que isso aconteça, munindo-se de informação, buscando experiências de quem conseguiu e construindo uma rede de apoio.

E é sobre este apoio que gostaria de tratar hoje. Na nossa sociedade cada vez mais individualista, não é raro que nos frustremos ao tentar ajudar o outro. Nossa ajuda é oferecida do nosso ponto de vista, e quando é negada porque o outro precisa de outra ajuda, ficamos decepcionados. 

A mulher que acabou de receber seu filho no mundo aqui fora está passando por um momento muito particular de sua vida, muitas coisas precisam se estabelecer. Afinal de contas, ela acaba de receber em sua vida alguém que vem pra ficar, mas que depende totalmente dela e não tem horários pré definidos, além de não conseguir expressar do que está precisando naquele momento. É necessário então que esta mãe esteja em paz para poder se doar completamente a este momento. Aí entra o apoio.

Como apoiar a mãe que quer amamentar? Darei aqui algumas dicas:

- Fortaleça-a. Diga "você está se esforçando com amor pelo seu filho, continue, vocês conseguirão", "que bom que você está disposta, seu bebê sente isso, seu leite é poderoso".
- Ajude-a fisicamente com o que puder. Uma louça lavada, uma comida pronta, um colo para o bebê enquanto ela toma banho. Com compreensão.
- Incentive-a a descansar, dormir enquanto o bebê dorme. Se puderem dormir juntos, para que o bebê sinta a presença da mãe, melhor ainda.
- Esteja presente. Se ela quiser conversar, dê ouvidos. Senão, esteja a postos para qualquer coisa. 
- Jamais diga coisas como: "minha mãe criou dez sozinha e ainda mantinha a casa em ordem", "meu nenê chorava assim e era fome, meu leite era fraco, depois que demos mamadeira tudo se resolveu", "será que só seu peito vai ser suficiente?", "colo de novo? assim fica mal acostumado, como vai ser quando você voltar a trabalhar?", "este bebê está com manha, te fazendo de chupeta".

O estabelecimento da nova rotina pode ser lento e prolongado, cada dupla terá seu tempo. Alguns bebês solicitam o peito quase 24h por dia nos primeiros meses e isso está mais ligado ao fato de que eles não compreendem a mudança entre estar protegido e livre de qualquer desconforto dentro da barriga da mamãe e estar num ambiente em que tudo é muito diferente disto. Mamar conforta, traz o cheiro da mãe, o calor do corpo, o sabor conhecido. Não é só alimento físico. E o início pode ser difícil para todos, a mãe não tem controle sobre o que acontece, o peito pode rachar, doer, encher demais, o leite pode demorar a descer, o bebê pode precisar de ajuda para aprender a mamar... 

Se você conhece alguém que quer amamentar, apoie. Este apoio é muito valioso e pode contribuir para uma linda história. 


domingo, 1 de julho de 2012


Domingo, dia de descanso, dia de estar com a família, dia de passeio... Para muitos é assim. Para mim foi um dia de muita reflexão.

Venho pensando muito sobre um assunto que circula com frequência as rodas de conversa e as redes sociais. Violência infantil. Me move exatamente pelo fato de que me questiono todos os dias sobre qual deve ser a melhor forma para criar e educar meu filho, fazendo com que ele seja um cidadão que possa fazer algo pela sociedade em que vive mais do que tenha interesse de receber dela.

E aí vejo o quanto é forte o conceito de que os filhos devem apanhar dos pais. Mas na maior parte das vezes, leio e ouço que não se deve espancar, bater pra machucar, isso não pode. Mas um tapinha é importante, bem vindo e recomendado. Veja bem, não quero aqui defender nenhuma teoria, estou falando de como me sinto e o que penso em relação a isso.

Ao me colocar no lugar da criança, muitas vezes olhando do ponto de vista do meu filho, vejo que geralmente ele não percebe o motivo pelo qual está recebendo um não. E se procuramos ser claros e coerentes, ele não se desespera. E aí eu posso receber um olhar de "mas seu filho tem 1 ano, você não sabe nada sobre criar filhos". Pode ser, e eu me dou o direito de mudar de ideia. Mas acredito que a convivência pacífica se dá por meio da palavra e jamais da agressão. Um tapa, qualquer tapa, é agressão.

Que mensagem pretende passar quem bate? Que os mais fortes dominam o mundo na porrada? Que falar não serve de nada porque no fim das contas o que vai resolver é a força física? E se o irmão menor "aprontar", pode apanhar do irmão maior? E quando ele crescer, vai poder bater no filho, neto, sobrinho?

Muitos dirão "mas eu apanhei dos meus pais e não sou traumatizado, amo meus pais e os respeito, sou uma pessoa de bem", "no tempo em que se podia bater nos filhos, as crianças tinham limite". Tinham limite ou tinham medo? Eu respeito meu pai que me bate, mas ele me respeita? Como fundamentar uma relação de mão única, em que aquela pessoa que depende do adulto para lhe decifrar o mundo, em quem confia plenamente, lhe diz que ela merece apanhar quando está errada? E o mundo, tem sido um lugar bom e pacífico para se viver?

Quando eu era criança, ouvia muito minha mãe dizer que aos seres humanos, diferente dos animais, foi concedido o direito de falar. E isso significa que podemos argumentar. Certamente não é o caminho mais curto nem o mais fácil, mas eu acredito ser o mais proveitoso. Nunca apanhei dos meus pais. Os respeito profundamente e tenho certeza de que me respeitam como indivíduo. Eu e meus dois irmãos somos pessoas de bem que respeitam os outros e não infringem as regras porque não lhes foi dado limite.

De forma alguma quero aqui julgar quem um dia bateu acreditando que estava fazendo o melhor. Mas se você pode pensar de outra forma, acreditar que existe outra maneira, por que não?

terça-feira, 12 de junho de 2012


A ideia de escrever um blog como mãe vem fermentando há alguns meses.
Eu pretendia abordar algum assunto específico, mas depois de elaborar, decidi que este blog vai tratar um pouco de alguns assuntos relacionados à maternidade.

Quero usar este espaço pra debater temas que me interessaram e interessam, dar opiniões, ler outras, disponibilizar informações, enfim. Minha intenção aqui é contribuir de alguma forma para que um dia mães ou futuras mães leiam nas minhas experiências algo de útil.

E então... Vamos lá! Mãos à obra!